quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Doce de Aninha

Marcílio Godoi


(...)Vive dentro de mim
a mulher do povo.
Bem proletária.
Bem linguaruda,
desabusada, sem preconceitos,
de casca-grossa,
de chinelinha,
e filharada.
Vive dentro de mim a mulher roceira.
- Enxerto da terra,
meio casmurra.
Trabalhadeira.
Madrugadeira.
Analfabeta.
De pé no chão.
Bem parideira.
Bem criadeira.
Seus doze filhos. Seus vinte netos.
Vive dentro de mim
a mulher da vida. (...)

(Cora Coralina, em trecho
do poema "Todas as vidas")

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